Policial investigado deu ‘carona’ a diretor do INSS e empresário em Congonhas, diz PF
Investigadores encontraram US$ 200 mil em espécie em endereços ligados ao policial federal afastado Philipe Roters Coutinho
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

O relatório que embasou a operação contra supostas fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) flagrou o policial federal Philipe Roters Coutinho, um dos investigados, oferecendo uma “carona” ao procurador do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira e ao empresário Danilo Bernt Trento, em uma área restrita de um aeroporto.
Ainda segundo a PF, todo o trajeto foi feito “em viatura ostensiva da Polícia Federal, de uso exclusivo em serviço por policiais federais”. Além disso, durante a operação do dia 23 de abril, os agentes encontraram US$ 200 mil dólares em endereços ligados a Coutinho. O R7 tenta contato com as defesas, e o espaço permanece aberto.
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Segundo a Polícia Federal, todo o trajeto foi feito “em viatura ostensiva da Polícia Federal, de uso exclusivo em serviço por policiais federais”.
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As imagens obtidas pelas investigações são do dia 28 de novembro de 2024, no Aeroporto de Congonhas (SP). Às 21h48, é possível ver Coutinho cumprimentando Ribeiro e Trento; em seguida, o trio segue para a área de desembarque remoto do terminal.

A PF destacou que essa é uma área de “circulação restrita, ível apenas para quem embarca ou desembarca via ônibus, ou para quem presta serviço no aeroporto, com a devida autorização legal”.

Logo depois, em outra imagem, é possível ver o policial federal conduzindo a dupla por toda a área restrita até uma viatura oficial da corporação.

Às 21h50, o carro começa a se deslocar em direção à aviação executiva de uma empresa aérea. O voo executivo foi realizado pelo então diretor do INSS, com destino a Curitiba (PR).

Outro ponto destacado no relatório é que, além da “carona” irregular, Coutinho apresenta, assim como outros investigados, um padrão de viagens com perfil atípico, incluindo a compra de agens em cima da hora e deslocamentos do tipo “bate-volta”, especialmente para Brasília (DF).
Entenda
A operação da PF e da CGU cumpriu 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca e apreensão, sequestro de bens — avaliados em mais de R$ 1 bilhão — e seis mandados de prisão temporária. As investigações apuram um esquema nacional de cobranças indevidas em benefícios do INSS.
Conforme as apurações, aposentados e pensionistas foram alvo de descontos não autorizados de mensalidades associativas, aplicados diretamente sobre os valores de aposentadorias e pensões. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões, acumulados entre os anos de 2019 e 2024. Ao menos 11 entidades são suspeitas.
Suposta fraude no INSS
Ainda não se sabe quanto desse valor foi indevidamente descontado e quanto tinha autorização dos beneficiários.
Os investigados poderão responder por corrupção ativa e iva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A apuração das autoridades levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao afastamento de servidores.
Dois dias depois da operação, representantes do INSS e da CGU informaram a suspensão dos descontos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas por convênios com entidades, como associações e sindicatos. A pausa é por tempo indeterminado, até a conclusão da análise de cada acordo, para a identificação dos descontos irregulares.
Segundo o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, para reorganizar o sistema de desconto e torná-lo mais rígido e seguro, é necessária a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica vigentes, celebrados pelo INSS com entidades nos últimos anos.
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