Pablo Marçal vira réu por expedição que colocou em risco a vida de 60 seguidores
Coach e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo responde por crime previsto no artigo 132 do Código Penal
Cidades|Do R7, em Brasília

A Justiça de São Paulo recebeu denúncia contra Pablo Marçal por exposição de terceiros a perigo direto e iminente durante uma subida ao Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, em janeiro de 2022.
A decisão foi assinada pela juíza Rafaela D’Assumpção Cardoso Glioche, da Vara Única de Piquete, nesta terça-feira (20).
Marçal liderava um grupo de cerca de 60 pessoas quando ignorou alertas climáticos e advertências de guias sobre o risco da expedição.
A defesa de Marçal diz que “não há qualquer materialidade ou prova que aponte Pablo Marçal como organizador ou responsável pelo evento” (leia abaixo).
Durante o trajeto, chuva intensa, neblina e ventos fortes deixaram parte dos participantes desorientada, com sinais de hipotermia. O resgate foi acionado durante a madrugada.
O Ministério Público relata que, mesmo diante de condições adversas, o réu incentivou os participantes a continuar, desconsiderando as recomendações técnicas e chegando a ironizar um dos condutores contratados.
A denúncia afirma que Marçal desqualificou o guia, chamando-o de “covarde” e convocando o grupo a segui-lo até o cume.
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Acusação apresentada em março
A Promotoria de Justiça de Piquete apresentou a acusação em março, com base no artigo 132 do Código Penal.
A norma prevê detenção de até um ano para quem coloca em risco a vida ou a saúde de outra pessoa. O Ministério Público também propôs uma transação penal, oferecendo como alternativa o pagamento de R$ 273.240 a entidade social.
A juíza considerou a denúncia formalmente adequada e sustentada por elementos que justificam a abertura do processo.
Com o recebimento da acusação, Marçal será citado para apresentar defesa no prazo de dez dias. A ação segue sob trâmite regular, com possibilidade de instrução e julgamento.
Em 2024, Pablo Marçal concorreu à Prefeitura de São Paulo. Além da atuação como coach e influenciador digital, ele se apresenta como empresário e escritor.
Defesa de Marçal fala
A defesa de Pablo Marçal enviou nota à reportagem afirmando que a “decisão da juíza segue o rito processual regular, considerando que foi proposto um acordo de não persecução penal, que previa o reconhecimento de responsabilidade pela organização da caminhada, o que não condiz com a verdade”.
“Esse acordo foi recusado por nossa parte, uma vez que não há qualquer materialidade ou prova que aponte Pablo Marçal como organizador ou responsável pelo evento”, aponta o advogado Tassio Renam.
Segundo ele, os depoimentos apontam que a atividade se tratava de uma caminhada entre amigos, “sem qualquer organização formal”.
“Adicionalmente, há o relatório de conclusão elaborado pelo delegado Francisco Sannini, que atestou a inexistência de dolo por parte de qualquer dos participantes e concluiu pelo não indiciamento dos envolvidos”, adianta o defensor.
Conforme Renam, essa orientação do delegado não foi respeitada.
“O Ministério Público chegou a solicitar a retirada dessa peça específica dos autos. Ainda assim, seguimos confiando na Justiça e na expectativa de uma decisão justa e imparcial”, conclui.
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