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R7 Entrevista

Marcéu Pierrotti revela desafios de Até Onde Ela Vai e analisa trajetória na arte: ‘Nunca tive plano B’

Ator também comenta o trabalho em Paulo, o Apóstolo, e a transformação na vida pessoal após a morte de seu pai

Entrevista|Gabriel Alberto, do R7

Filho de psiquiatra e psicanalista, Marcéu Pierrotti investiga o ser humano através da arte Whangeugod/Divulgação

Formado em Adler Technique pelo Stella Adler Studio em Nova York, nos Estados Unidos, e Direção Teatral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o antagonista da série Até Onde Ela Vai, Marcéu Pierrotti, brilha agora na tela da RECORD, como o controverso Sidney ao lado da protagonista Bárbara (Louise Clós).

Ao R7 Entrevista, Marcéu comenta os desafios para compor o personagem, que exigiu uma verdadeira imersão. “Me preparava de dez a doze horas por dia”.

“Quando começo a compreender a falta de amor que o Sidney teve na vida, fui entendendo as ações dele ao longo da história, como expressa a violência e a raiva”, completa.

O ator grava atualmente a nova superprodução Paulo, O Apóstolo, que estreia no dia 28 de maio, com exclusividade, no Univer Vídeo e ainda este ano na RECORD. No papo, ele repercute o clima das gravações: “Está todo mundo adorando contar essa história, é muito forte e potente”, adianta sobre a série na qual interpreta Pedro.


Confira a seguir o papo completo!

R7 Entrevista: Qual o principal desafio que Sidney de Até Onde Ela Vai te trouxe?


Marcéu Pierrotti — Desde a primeira vez que eu li, já ficou muito clara a complexidade do personagem. Nosso ofício sempre tem uma profundidade de entender aquele ser humano com todas as suas facetas. O que tem de amor, medo e raiva dentro dele.

A gente filmou durante quatro meses, e antes tivemos dois meses de preparação com a Andrea Avancini, que foi uma grande parceira. Durante esse período, me preparava de dez a doze horas por dia. Alguns acompanhado por ela, outros pedia uma sala no Complexo de Dramaturgia da Seriella Productions, chegava pela manhã e ficava até à noite.


Foi uma imersão durante a preparação e a gravação. Mesmo quando eu ia para casa, e me desconectava para conseguir dormir bem, tinha um pouco do personagem ali. Eu me senti totalmente livre do Sidney, talvez, só um mês depois que as gravações terminaram.

Marcéu Pierrotti celebra chegada de Até Onde Ela Vai na RECORD Divulgação/Seriella Productions

R7 Entrevista: Como lidou com a carga dramática do personagem fora do set?

Marcéu Pierrotti — Tentava realmente não ar. Ao terminar a gravação, procurava relaxar. Escutava outro tipo de música e, ao chegar em casa, assistia a esportes, algo bem desconectado.

R7 Entrevista: Foi um processo de imersão completo. ou por alguma transformação física por causa do Sidney?

Marcéu Pierrotti — Quando começo a compreender a falta de amor que o Sidney teve na vida, fui entendendo as ações dele ao longo da história, como expressa a violência e a raiva. Começo a entender a carga desse personagem fisicamente. Mas são coisas que falo agora, mas que não acontecem de forma tão racional durante o processo. Por uma ação, fui entendendo como esse corpo foi se moldando.

Marcéu Pierrotti fez preparação intensa para Até Onde Ela Vai Divulgação/Seriella Productions

R7 Entrevista: E emocional?

Marcéu Pierrotti — Tive que encontrar uma complexidade de momentos em que ele era extremamente agressivo e, segundos depois, estava chorando arrependido por aquilo. Então, foi preciso entender até que ponto ele estava realmente arrependido ou fazia aquilo para manipular alguém. Além de como isso acontece na cabeça da pessoa, se ela tem compreensão que é uma manipulação ou não.

Como ator foi bem transformador para não ir em uma linha óbvia de ele ser mau. Estudando o Sidney, pela lei também, não só pela ética e moral, é claro que ele é um personagem que tem que sofrer retaliações, ser julgado pela lei dos homens, porque vivemos em uma sociedade.

Mas no momento que eu faço, não posso julgá-lo neste lugar porque ele próprio não se julga, pode se autocriticar em algum momento, onde bate o arrependimento, mas foi um processo muito profundo.

Como pessoa foi como me permitir a ar esses lugares, porque por mais que seja uma criação, preciso partir de algo que existe em mim, nem que seja uma fagulha, um grão de areia, um pontinho. Então, é me permitir ar este lado meu que não existe na vida.

R7 Entrevista: Olhando agora para esse trabalho, trouxe algum tipo de reflexão ou aprendizado para a sua carreira ou forma de enxergar as relações e a vida?

Marcéu Pierrotti — As pessoas são complexas e cada um tem, neste momento, suas dores e seus amores, suas felicidades e tristezas. E não que tenha que ‘ar um pano’ para o outro e compreender, porque se a pessoa te machucou é preciso mostrar que ela te machucou. O que a pessoa te ataca é muito mais sobre ela, como ela se enxerga no mundo, as dores dela e por isso ela te conduz de alguma forma que te machuca. E aí não é para compreender, não acho que seja isso, mas algo que levo deste trabalho, tanto do dia a dia, com cada profissional, como pela história, é como a gente enxerga esses traumas. É preciso se proteger até para fazer escolhas de como reagir a certas ações. Para mim, foi o maior aprendizado dessa história que conecta realmente o conteúdo da série com o que vivi no processo.

Marcéu Pierrotti comenta bastidores de Até Onde Ela Vai Divulgação/Seriella Productions

R7 Entrevista: E como você gostaria que o público da RECORD recebesse essa história?

Marcéu Pierrotti — É uma história muito forte de transformação e que pode abrir o olho de quem assiste para seus próprios traumas e questões que talvez nem perceba que tem. E também sobre educação, pais educando seus filhos. Tudo o que a gente faz com o outro vai gerar algo. O quanto eu der de amor e carinho vai abrir o caminho para o ser humano fazer isso consigo mesmo e com outras pessoas no mundo. E o quanto eu der de retaliação, agressividade e abandono vai fazer essa pessoa ter com ela mesma e com o mundo.

Espero que o público consiga receber os personagens dessa história nesse lugar. Apesar do arco dramático da história ser um thriller psicológico (subgênero do suspense que combina drama, ficção psicológica e mistério), com muita ação, que segura o público, que esse seja o olhar também, das possibilidades que um ser humano tem. Nenhuma vida é dada ou seu destino traçado, e sim, como a gente conduz na relação de afeto com o outro ou como uma violência pode transformar uma vida inteira se a pessoa não olhar para esses traumas.

Tem uma frase que falamos: “O que a gente faz com o que fizeram da gente?”. É um ponto de atenção e quando jogamos luz sobre isso é um caminho para modificar e transformar em algo melhor para você mesmo e, em consequência, para os outros, para o mundo.

R7 Entrevista: A arte sempre esteve presente em você?

Marcéu Pierrotti — A gente consumia muita arte em casa, filme, teatro... Tinha esse espaço para a criatividade. As escolas onde estudei endossavam a relação com a leitura, dança, aula de teatro. Mas a primeira vez que fiz aula de teatro na escola, tinha uns 15 anos, um garoto ficou doente e como fazia parte da dança do colégio, me chamaram para substituir. Fui e gostei.

Marcéu Pierrotti atua, dirige e produz em quase 20 anos de carreira Whangeugod/Divulgação

R7 Entrevista: Como descobriu que queria ser artista?

Marcéu Pierrotti — Eu amava esporte, mas não era o que queria fazer da vida. Quando estava em um gramado, jogando futebol, o que mais gostava é gerar um entretenimento para as pessoas ao redor. Por mais que eu quisesse ganhar a competição, tinha algo de querer fazer um ‘bom show’.

Depois fui entender que tenho essas sensações no palco ou quando chego na casa das pessoas pela televisão. E ainda tem um bônus: não tem vencedor ou perdedor, sabe? Todo mundo é ganhador em uma noite no teatro. Então, isso fez mais sentido para mim.

R7 Entrevista: E o início no teatro como profissional?

Marcéu Pierrotti — Comecei a fazer a faculdade de teatro. Logo no primeiro ano, já fiz minha peça profissional. Tenho formação em Artes Cênicas, como ator. Fui para os Estados Unidos e me formei na Adler Technique pelo Stella Adler Studio, que é uma técnica de realismo tanto para teatro quanto cinema. É um caminho bem naturalista de atuação, baseado muito na imaginação. Eu amo.

Quando voltei, estava com vontade de dirigir e fui fazer Direção Teatral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e nesse momento faço uma pós-graduação em Processos Criativos de Cinema, que é uma área que gosto também.

R7 Entrevista: Você é de uma família de psiquiatras e psicanalistas. Seguir na arte foi mais desafiador?

Marcéu Pierrotti — Eu tive muito privilégio, não era de uma família rica, mas de classe média, estudei em uma escola particular e sempre tive todo o apoio emocional deles. Tinha algo que eles falavam e acreditavam, que se realmente eu tivesse uma profissão, que fosse um lugar de paixão, ia dar certo e me sustentar com aquela carreira. E não era da boca para fora.

Marcéu Pierrotti emenda trabalhos no teatro e na TV Whangeugod/Divulgação

R7 Entrevista: Chegou a se imaginar em outra profissão?

Marcéu Pierrotti — Não. Nunca tive plano B. Por volta dos 26 anos, falei que queria ser o melhor ator que poderia ser, mas não queria ficar só esperando o telefone tocar. Para crescer como artista, comecei a produzir também, colocar em edital meus trabalhos de teatro. Fui criando essas possibilidades, gosto muito de dirigir, mas também foi para abrir frentes de trabalho, dentro do que sou capaz na profissão e do meu propósito. Teatro, TV, produzir, escrever, dirigir, tudo o que já fiz na minha vida foi construindo uma carreira e abrindo caminhos.

R7 Entrevista: Você escreveu e dirigiu a peça 3 meses e 3 dias, que aborda o luto e a perda do seu pai. Como esse momento afetou a sua relação consigo e o olhar para a vida?

Marcéu Pierrotti — Um grande divisor. Meu pai faleceu com 68 anos de forma súbita, uma parada cardíaca jogando tênis. O que tem um lugar de elo entre a gente, pois jogamos juntos a vida inteira.

Foi muito abrupto. Na noite anterior, conversamos por telefone, falamos que nos amávamos, mas foi diferente. Só de falar já me pega [Marcéu se emociona]. E no dia seguinte ia estrear um show que eu estava dirigindo. Era uma quarta-feira, estava trabalhando na zona sul do Rio de Janeiro, indo para o teatro, sabia que ele ia para o treino. Estava muito agitado, ia ligar para ele antes, mas pensei em ligar depois. Quando saí do ensaio, minha mãe me ligou desesperada falando que ele tinha morrido.

Estou contando isso porque é um ponto de grande transformação, de como a vida pode mudar rapidamente. E também existe um lugar de uma hierarquia familiar e emocional. Quando o pai morre, sua mãe está viva, mas querendo ou não, você é o topo da sua própria vida. Não existe mais esse pai que estava ali, alguém que cuidava, e podia pedir socorro a ele. E ainda bem que eu tive, porque muitas pessoas nem tem essa figura. Precisei dessa transformação, de ‘ok, agora está só comigo mesmo’. Foi um momento muito forte.

Marcéu Pierrotti analisa a perda do pai e o luto Divulgação/Seriella Productions

R7 Entrevista: E reverbera no seu trabalho de alguma forma também...

Marcéu Pierrotti — Completamente. Eu estava com 30 anos, um marco. Dez de carreira, mais no teatro. Tinha feito teste, ia começar a gravar, e quando ele faleceu, teve uma sensação de que ele sempre me viu fazer teatro, peças muito legais, mas televisão, que ele adorava, nunca me viu em nenhuma novela, porque o audiovisual aconteceu para mim, logo após a morte dele.

R7 Entrevista: Você emenda trabalhos na TV e no teatro, e agora está gravando o papel de Pedro, na superprodução Paulo, O Apóstolo, que estreia em maio no Univer Vídeo. Qual o balanço que você faz do momento atual da carreira?

Marcéu Pierrotti — Que privilégio. Fui totalmente conectado com esses trabalhos. Terminei a temporada da peça em uma quarta e na segunda estava gravando Paulo. É um momento lindo. Foram trabalhos que gosto muito, e tenho muito orgulho. E agora fazendo Pedro. Paulo vai ficar uma série linda.

E sempre tento fazer uma peça de teatro por ano. É algo maravilhoso.

Após Até Onde Ela Vai, Marcéu Pierrotti está no elenco de Paulo, O Apóstolo, seu quinto trabalho na emissora Divulgação/Seriella Productions

R7 Entrevista: Como tem sido gravar como Pedro? Ainda não podemos falar muito, mas dá para adiantar um pouco da experiência em Paulo, O Apóstolo?

Marcéu Pierrotti — Paulo vai ser muito bonito. Estou no quinto trabalho na RECORD e cada um com sua potência. Está todo mundo adorando contar essa história, não só direção e elenco, mas a equipe toda. É uma história muito forte e potente, com várias cenas importantíssimas. Está sendo incrível. Estamos bem felizes. Estou gravando e vou me dedicar nesse primeiro semestre à série. E no segundo semestre, basicamente, estou me programando para fazer teatro.




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