China pode superar os EUA e liderar retorno de amostras de Marte
Para cientista ligada à NASA, asiáticos avançam enquanto americanos cortam verbas
Internacional|Do R7

A crescente disputa espacial entre China e Estados Unidos pode ter um novo capítulo: a possibilidade de os chineses se tornarem os primeiros a trazer amostras do solo de Marte à Terra. A previsão vem de Catherine Neish, cientista ligada à NASA, que reconhece os avanços expressivos da China e ite que os americanos enfrentam dificuldades orçamentárias que colocam suas missões em risco.
Enquanto a missão Mars Sample Return da NASA, que prevê o retorno das amostras coletadas pelo robô Perseverance, sofre com cortes no orçamento e incertezas logísticas, a China acelera seu cronograma com a missão Tianwen-3, planejada para 2028. Embora mais simples, a missão chinesa busca o mesmo objetivo científico: estudar em laboratório o solo marciano em busca de sinais de vida.
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A previsão americana de retorno das amostras marcianas varia entre 2035 e 2039 e pode custar até US$ 11 bilhões. Já a Tianwen-3, com menor custo e escopo técnico mais direto, tende a concluir sua missão antes. Com isso, a China se aproxima de um marco histórico que pode redefinir a liderança científica no espaço.
Além de investir pesado em Marte, a China também planeja uma base lunar até 2035, com apoio de países como Rússia, Paquistão e França. A missão Chang’e-8, prevista para 2029, receberá equipamentos de 11 países. A distribuição de amostras lunares da missão Chang’e-5 a instituições estrangeiras marca uma ofensiva diplomática no espaço, da qual os EUA, por restrições legais, não participam.
Ao contrário da NASA, que enfrenta cortes de até 47% no orçamento para 2026, o governo chinês mantém investimentos robustos, promovendo seus programas espaciais com forte apelo patriótico e envolvimento popular. A recente missão tripulada Shenzhou-20, lançada em abril, levou três taikonautas à estação espacial Tiangong, com o objetivo de preparar futuras missões lunares.
Na base de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, o clima era de celebração nacional, com civis e militares exaltando o “sonho espacial chinês”. A ascensão da China no setor aeroespacial também é usada como instrumento de “soft power”, reforçando sua imagem global como potência tecnológica e inovadora.
Os experimentos realizados na estação Tiangong envolvem estudos sobre materiais avançados, organismos vivos e efeitos da microgravidade no corpo humano — temas fundamentais para viagens prolongadas no espaço. Desde 2022, mais de 200 projetos foram desenvolvidos ali, e muitos resultados já voltaram à Terra.
Enquanto isso, os Estados Unidos observam com preocupação o avanço chinês. O chefe da Força Espacial dos EUA alertou que as ambições de Pequim representam um desafio estratégico. A nova corrida espacial, com Marte e a Lua como alvos centrais, promete ser decisiva não apenas para a ciência, mas também para a geopolítica do século 21.