Quem é o britânico acusado de tentar contrabandear tecnologia militar dos EUA para a China
John Miller, de 63 anos, teria tentado exportar ilegalmente mísseis e drones, além de perseguir um crítico do governo chinês
Internacional|Do R7

Um empresário britânico de 63 anos, identificado como John Miller, foi indiciado nos Estados Unidos por supostamente tentar contrabandear tecnologia militar norte-americana, como mísseis, radares de defesa aérea, drones e dispositivos de criptografia, para a China.
Ele também é acusado de conspirar para perseguir um manifestante crítico ao governo chinês em solo norte-americano. As informações foram divulgadas pela rede britânica BBC e pelo jornal The Guardian.
Miller foi preso na Sérvia em 24 de abril deste ano, junto com o chinês Cui Guanghai, de 43 anos. Ambos enfrentam acusações do FBI, a polícia federal dos EUA, por conspiração, contrabando, violações da Lei de Controle de Exportação de Armas e perseguição interestadual.
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Contrabando e perseguição
Documentos judiciais detalham que Miller e Cui discutiram maneiras de exportar ilegalmente um dispositivo de criptografia dos EUA para a China. Eles realizaram um depósito de US$ 10 milhões (cerca de R$ 57 milhões) pelo equipamento.
O plano envolvia ocultar a tecnologia em pequenos eletrônicos, um liquidificador e um motor, disse o Departamento de Justiça em um comunicado divulgado na última sexta-feira (30).
As acusações também sustentam que os dois homens tentaram adquirir outros itens de defesa norte-americana, como mísseis e drones, para exportação ilegal. As negociações teriam ocorrido com dois indivíduos que, segundo as autoridades, colaboravam com o FBI.
Miller e Cui ainda são indiciados por tentar silenciar um residente nos EUA que criticava publicamente o governo chinês e o presidente Xi Jinping. Segundo os documentos, a suposta perseguição ocorria desde 2023.
A dupla teria coordenado ações para vigiar a vítima, como instalar um dispositivo de rastreamento no carro dela e até furar os pneus do veículo. Eles também tentaram comprar e destruir estátuas artísticas criadas pelo residente que representavam Xi Jinping.
O procurador-geral adjunto dos EUA, Todd Blanche, classificou as ações como um “ataque flagrante” à segurança nacional e aos valores democráticos norte-americanos.
“Este Departamento de Justiça não tolerará repressão estrangeira em solo americano, nem permitirá que nações hostis se infiltrem ou explorem nossos sistemas de defesa”, disse Blanche.
O vice-diretor do FBI, Dan Bongino, afirmou que os réus planejaram interferir nos direitos de liberdade de expressão de um indivíduo nos EUA.
Possíveis penas
Se condenados, Miller e Cui podem enfrentar até 20 anos de prisão por violação da Lei de Controle de Exportação de Armas, 10 anos por contrabando, cinco anos por conspiração e cinco anos por perseguição. Ambos permanecem detidos na Sérvia, aguardando a decisão sobre suas extradições para os EUA.
O Ministério Público do Distrito Central da Califórnia disse em comunicado que “uma acusação é meramente uma alegação” e que os réus são considerados inocentes até que se prove a culpa em um tribunal.
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido confirmou à mídia local que está prestando assistência consular a Miller e mantém contato com as autoridades sérvias e a família do britânico.
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